ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 30.10.1997.

 


Aos trinta dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezesseis horas, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Florindo Ciman, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 18/97 (Processo nº 589/97), de autoria do Vereador João Carlos Nedel. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Frei José Felisberto, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Bispo Auxiliar de Porto Alegre, Dom Antônio Cheuiche; o Senhor José Antônio Celia, Diretor da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Rio Grande do Sul; o Padre Redovino Rizzardo, Superior Provincial de Congressistas dos Padres Carlistas; o Deputado Federal Luis Roberto Ponte; o ex-Vereador Airto Ferronato; o Padre Florindo Ciman, Homenageado; o Padre Luciano Ciman, irmão do Homenageado; o Vereador João Carlos Nedel, na ocasião, Secretário "ad hoc". Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças da Senhora Eloni Martins, representante da Legião de Maria; do Senhor Isany Carlos Mendel, representante do Presidente do Movimento Emaús; da Senhora Alice Silla Nazé Cafrune, representante da Hora de Oração do Sacerdote; do Padre Ivo Antonio Pretto, da Igreja Pompéia; do Senhor Carlos Adamatti, representante do Senhor Vitor Faccioni, Diretor de Operação do BRDE; da Senhora Glória Nedel, esposa do Vereador João Carlos Nedel; do Senhor Sérgio Bachelli, representante da Secretaria da Saúde, na condição de Secretário-Adjunto da Saúde no Estado do Rio Grande do Sul; do ex-Deputado Guido Moesch; do Senhor Antonio Pires, ex-Deputado e ex-Prefeito; do Engenheiro Henrique Anawatte, ex-Secretário de Minas e Energia; do Senhor Alfredo Mello, da Associação e do Sindicato dos Bancos do Rio Grande do Sul; do Padre Genoir Pieta, Pároco da Igreja da Pompéia; do Representante do Monsenhor Máximo Benvegnu, Pároco da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora; do Padre Amadeu Canelas, Pároco da Igreja Nossa Senhora da Piedade; do Senhor Ivo Guizzardi, Secretário de Ação Social; do Senhor José Machado Leal, representando o Movimento Tradicionalista; da Senhora Jacira Onzi, Presidenta do Hospital Mãe de Deus; do Senhor Alberto Moesch, 1º Suplente de Vereador da Bancada do PPB nesta Casa, representando a Secretaria da Região Metropolitana do Governo do Estado; do Padre Inácio Froenner; da Senhora Derci Furtado, ex-Deputada e Assessora desta Casa; da Senhora Rita Daudt, Coordenadora das Relações Públicas da CRT e ex-Coordenadora de Imprensa desta Casa; do Senhor João Carlos Pe<D>tersen e esposa; do Coordenador do Movimento de Cursilhos de Cristandade da Arquidiocese de Porto Alegre; do Senhor Flávio Dal Gosto, Presidente do Sindicato <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>dos Médicos e representando a Associação dos Médicos Católicos do Rio Grande do Sul. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional pelo Coral "Mazzolin Di Fiori", regido pelo Maestro Gil de Roca Sales e, após, ocorreu a celebração, pelo Bispo Tadeu Canellas, da Benção do Crucifixo deste Plenário. A seguir, foi apresentada seleção de "slides" com narrativa sobre a vida do Padre Florindo Ciman, seleção esta feita pelos Senhores Norberto Bozzetti e Antônio Carlos Textor, e o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Percival Puggina, Eduardo Viana Pinto e José Antônio Célia, que, em nome dos Movimentos Leigos Católicos criados pelo Padre Florindo Ciman, prestaram seus testemunhos acerca da atuação do Homenageado. Em continuidade, o Coral "Mazzolin Di Fiori" executou o Hino Italiano e interpretou a música "Santa Luccia", sob a regência do Maestro Gil de Roca Sales. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Carlos Nedel, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PT, PTB, PDT, PMDB, PPS e PSB, discorreu sobre a importância dos serviços prestados à comunidade pelo Padre Florindo Ciman, através da organização de grupos de reflexão sobre os valores básicos da vida e da difusão de mensagens marcadas pelo amor, pela fé e pela defesa da solidariedade entre os homens. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, teceu comentários acerca do trabalho realizado pelo Padre Florindo Ciman, analisando o significado da missão sacerdotal por ele assumida, através da escolha de Cristo como norteador de toda a sua vida. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências alusivas a presente solenidade, lendo, como representativa das demais, a de autoria de Dom Alfio Rapisarda, Núncio Apostólico. Em continuidade, foram ouvidos números musicais apresentados pelo Cantor Mauro Harff, do Grupo Caverá. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à entrega, pelo Frei José Felisberto, pelo Vereador João Carlos Nedel e pela Senhora Gloria Nedel, do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Florindo Ciman, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, ouvido o Plenário, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Padre Luciano Ciman que, em nome dos familiares do Homenageado, pronunciou-se acerca da presente solenidade. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, assistirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada às dezenove horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Clovis Ilgenfritz e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel, Secretário "ad hoc". Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Saudamos a presença de todos os Senhores, das Senhoras, dos Srs. Vereadores. Estamos aqui na mesa com o Vereador proponente da Sessão que hoje se destina a conceder o Título de Cidadão Honorífico ao Pe. Florindo Ciman, o Ver. João Carlos Nedel. É um título que foi aprovado por unanimidade na Câmara.

Estamos aproveitando este momento solene, com a presença de todos os Senhores, muitos religiosos, para fazer um outro ato, que para nós é importantíssimo, que é preliminar ao processo que virá depois. Faremos em dois segmentos: uma Sessão Solene preliminar para a entronização do crucifixo no nosso Plenário, e a Bênção do Crucifixo; depois, vamos convidar os presentes para a execução do Hino Nacional, através do Coral “Mazzolin di Fiori”, que estará abrilhantando este nosso momento em mais uma oportunidade, com o Maestro Gil de Roca Salles. Depois, a celebração da Bênção do Crucifixo pelo Bispo Tadeu Canellas, que também nos honra com sua presença; a apresentação de alguns “slides” sobre a vida do Pe. Florindo, seleção feita pelo Sr. Norberto Bozzetti e pelo Sr. Antônio Carlos Textor. Também teremos o testemunho, em nome dos movimentos leigos católicos criados pelo Pe. Florindo, de três pessoas: o Ver. Suplente Percival Puggina, Dr. Eduardo Viana Pinto e José Antônio Célia.

Convidamos a todos para assistir, em pé, à execução do Hino Nacional pelo Coral “Mazzolin di Fiori”.

 

(Procede-se à execução do Hino Nacional. Palmas.)

 

Dando seqüência à Sessão, convidamos para a celebração da Bênção do Crucifixo o Bispo Tadeu Canellas.

 

(Procede-se à celebração da Bênção.)

 

Agora, teremos a apresentação dos “slides” sobre a vida do Pe. Florindo Ciman.

 

(Procede-se à apresentação de “slides”.)

 

Convidamos o Sr. Percival Puggina para dar um rápido testemunho.

 

O SR. PERCIVAL PUGGINA: Sr. Presidente, Srs. Bispos, autoridades eclesiásticas presentes, Ver. João Carlos Nedel, autor desta homenagem que a Cidade de Porto Alegre presta ao Pe. Florindo Ciman, tantos amigos, tantas amigas, tantos rostos sorrindo.

Sinto-me pequeno para a tarefa que me foi confiada neste momento, especialmente depois de termos assistido a cenas emocionantes de um texto que efetivamente corresponde à verdade.

Esta Casa já prestou muitos atos de reconhecimento da Cidade de Porto Alegre a pessoas que se destacaram por aquilo que fizeram, pelo que trouxeram, pelo que construíram. Nós temos aqui alguns cidadãos de Porto Alegre presentes a este ato. Esta galeria de homenageados se enriquece hoje com a presença do Padre Florindo.

Estas homenagens que a Cidade presta a pessoas que não nasceram aqui, mas que contribuíram para o seu bem, para o seu crescimento, para o seu desenvolvimento, certamente encontra o seu ponto mais alto entre aqueles que realizaram grandes obras no coração dos homens, porque é ali que tudo nasce ou é ali que tudo morre. E a vida do Padre Florindo é um permanente construir do bem, um permanente edificar sobre valores que, efetivamente, valem, um rebelde descontentamento com o mal e uma auspiciosa felicidade com o bem.

Então, há algo de novo sempre que o Plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre se reúne para construir essa grande construção da humanidade, da família, da Igreja, da comunidade. E se nós sairmos a procurar as obras do Padre Florindo, nós, necessariamente, teremos que ir ao encontro das pessoas, e foi isso que ele sempre fez, nas horas boas, nas horas ruins. E cada um de nós, aqui, está rendendo esta homenagem de gratidão, de esperança nessa obra que o amor de Deus, por meio dos seus fiéis sacerdotes pode prestar. Muito obrigado, Padre Florindo. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós convidamos o Dr. Eduardo Viana Pinto para um rápido testemunho.

 

O SR. EDUARDO VIANA PINTO: Ver. Clóvis Ilgenfritz da Silva, Muito Digno Presidente desta Casa; ilustre Vereador João Carlos Nedel, autor desta homenagem ao nosso querido e eminente amigo Padre Florindo Ciman; meus caros sacerdotes que aqui se encontram tributando esta homenagem ao nosso querido Padre Florindo; Srs. Vereadores; Srs. Deputados; meus Senhores; minhas Senhoras; entidades aqui representadas, cabe a nós um testemunho em relação ao homenageado por esta Casa. Eu lhes falo fortemente emocionado, porque retorno a esta tribuna após cinco anos, quando recebi desta egrégia Câmara Municipal o título que hoje, igualmente, é concedido ao nosso homenageado Padre Florindo. Retorno aqui com a mesma emoção de cinco anos atrás, que só aqueles que recebem esse galardão podem, realmente, avaliar o que ele representa. Falo em nome da entidade que presido, a Associação dos Juristas Católicos do Rio Grande do Sul. Essa Associação foi implantada já há alguns anos sob a inspiração e iniciativa de Dom Antônio Cheuiche, que prestigia este ato. Já conhecia o nosso homenageado, Padre Florindo, há alguns anos, de nome, pelas suas atividades múltiplas, liderando os mais diferentes movimentos católicos. Mas foi a partir de quatro anos atrás que tive um contato mais próximo com ele. Foi quando fundamos essa Associação dos Juristas Católicos do Rio Grande do Sul que o Padre Florindo tornou-se mais íntimo. A partir daí passamos a conhecê-lo mais intimamente e passamos a apreciar suas exuberantes qualificações. Ele passou a ser Diretor da nossa Associação na condição de Diretor Espiritual dessa nossa entidade e participa ativamente dos nossos trabalhos, não só como orientador doutrinário, mas, efetivamente, dá uma contribuição excepcional a todos os profissionais da área do Direito, não só aos advogados, mas aos juízes, desembargadores, promotores, procuradores, com sua palavra de fé, de carinho. Um homem que, para nós, representa o sucesso dessa iniciativa que hoje é uma realidade no Estado do Rio Grande do Sul. O Padre Florindo avançou, e muito, nos corações de todos os profissionais do Direito. Ele tornou-se um amigo. Antes era um conselheiro, um companheiro de diretoria, e se converteu num amigo. E amigo - eu já vi essa palavra conceituada pelos mais diferentes pensadores -, amigo é aquele que é solidário, que é compreensivo, que está ao nosso lado, que quer ver a gente crescer, que é o nosso confidente. Mas amigo, no nosso entendimento, não é só para a hora de alegrias; é fundamentalmente quando temos dificuldades, quando temos problemas, quando somos assaltados pelas angústias e pelas aflições. Aí, encontramos o Padre Florindo nos assistindo com as suas palavras cheias de experiência, nos orientando, nos aconselhando. Eu entendo que amigo é definido por uma única palavra: compartilhar, esse compartilhamento entre a dor e a alegria, entre o sucesso e as incompreensões, quando identificamos quem é e quem merece ser qualificado como nosso amigo.

Quero, também, nesta oportunidade, em homenageando a quem foi galardoado com essa distinção pela Câmara Municipal de Porto Alegre, não esquecer a figura do Ilustre Vereador, líder católico do Rio Grande do Sul, João Carlos Nedel, que teve a feliz iniciativa de provocar a outorga desse prêmio maior desta Casa. A ele a Associação de Juristas Católicos do Rio Grande do Sul quer tributar as suas homenagens.

Quero encerrar, Padre Florindo, e dizer que nós, Juristas Católicos, especialmente este que preside a entidade, sentimos felicidade quando a Câmara Municipal de Porto Alegre lhe tributa esta justa e merecida homenagem que só pode ser medida pela mesma felicidade de tê-lo como nosso amigo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. José Antônio Célia.

 

O SR. JOSÉ ANTÔNIO CÉLIA: Sr. Presidente, autoridades presentes, Ver. João Nedel, há dois mil anos um moço rico foi a Jesus e disse-lhe que cumpria os mandamentos e que se mantinha íntegro e todas aquelas coisas importantes, mas que era preciso fazer mais para que fosse mais. E Jesus lhe disse: “Larga tudo, dá o que tens e me segue”. Nós, na celeridade de nossa vida, não nos damos conta das coisas que acontecem ao nosso redor, e foi exatamente isso que o Padre Florindo fez. Ele largou a sua vida, a sua família maravilhosa, largou a possibilidade de ser um grande empresário cristão e seguiu o Mestre. Nós, da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas, muito bem o sabemos. Há pessoas que seguem o ritmo e o rumo da história sempre em função dos vitoriosos, e há as pessoas solidárias na história dos homens que estão com eles em todas as horas. Não bastasse instruir, ensinar, pregar como ser um dirigente cristão de empresa ético, impregnar-se de valores éticos, procurar que o progresso seja distribuído com justiça, a valorização e a dignidade do homem, formar consciências de tudo isso para que assim haja oportunidades a homens e para que se construa uma sociedade mais solidária e justa, não bastasse isso, o Padre Florindo seguiu a história do compromisso com o homem. Não há dirigente nessa entidade que não tenha sido visitado por ele nas horas mais difíceis. E todos nós conhecemos, na área empresarial, na área da economia, os desafios, as torturas, os sucessos e os insucessos, que são rapidíssimos, o sofrimento. Aqueles que conhecem a vida de hospitais e de médicos sabem que, quando temos algum ente querido hospitalizado, ou nós mesmos passamos por algumas dificuldades e estamos internados em um hospital, distinguimos como estamos pela quantidade de médicos e enfermeiras que estão a nossa volta; quando melhoramos, desaparecem os médicos, as enfermeiras, as visitas. Sabemos quando estamos realmente mal porque, independente da leitura do balanço da nossa vida, o Padre Florindo aparece antes do tempo: é premonição. Sempre que se precisa de ajuda o Padre Florindo está presente. Essa grandeza, essa visão de unir o lado intelectual e tentar formar novas lideranças, a vivência comum do dia-a-dia em contato com o sucesso e os reveses fez do Padre Florindo uma figura gigantesca diante de toda a nossa comunidade. É por isso que todos os dirigentes de Porto Alegre, que amamos Porto Alegre, que temos um profundo respeito por Porto Alegre, sabemos como faz parte da nossa felicidade unir a nossa felicidade à felicidade da Cidade em que nós moramos, como é importante gostarmos da realidade que nos cerca, nos identificarmos com o local onde vivemos.

Hoje estamos muito felizes com Porto Alegre, porque tivemos uma oportunidade rara, ímpar de, convivendo com a Cidade que amamos, realizar a justiça. Hoje Porto Alegre, mais uma vez, se concilia com o espírito de justiça. Como é importante amar Porto Alegre, e Porto Alegre, através de vocês, realizando uma justiça tão profunda, capaz de promover em vida uma pessoa que realmente espalhou o bem por toda ela e por muito mais. Esse é o espírito dos dirigentes que estão nas empresas. Não há como agradecer e não há palavras que consigamos dizer para externar tudo aquilo que aconteceu nesse processo todo de crescimento de nossa entidade, nesse movimento que o Padre Florindo e Antônio geraram e que agora se vê consubstanciar na própria Cidade que o acolheu, através da realização da verdadeira justiça. Muito obrigado ao Padre Florindo e à Cidade de Porto Alegre, representada por suas lideranças especiais.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concluímos a nossa assembléia preliminar com essa apresentação magnífica dos “slides” da produção do meu colega Norberto Bozzetti, arquiteto, e de seu colega Antônio Carlos Textor. São testemunhos magníficos que ficaram aqui para fazer parte de todo esse cerimonial que estamos realizando hoje.

Estamos abrindo a 28ª Sessão Solene da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da XII Legislatura. Estamos realizando esta Sessão destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Florindo Ciman.

O Requerimento, que se transformou no Projeto de Lei nº 18, Processo nº 589/97, foi proposto pelo Ver. João Carlos Nedel.

Na condição de Presidente da Mesa, tenho a honra de abrir esta Sessão, convidando para participar da Mesa o excelentíssimo representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Frei José Felisberto; o nosso querido homenageado, Padre Florindo Ciman. Convidamos também para compor a Mesa, para honra nossa, o Bispo Auxiliar de Porto Alegre, Dom Antônio Cheuiche; o Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Rio Grande do Sul, Sr. Antônio D'Amico; o Superior Provincial de Congressistas dos Padres Carlistas, Padre Redovino Rizzardo; o Padre Luciano Ciman, irmão do nosso homenageado, e o Deputado Luis Roberto Ponte, que representa aqui não só o amigo, mas o Congresso Nacional.

O Sr. Antônio D'Amico solicita que seja substituído pelo Sr. José Antônio Célia, que é Presidente da Associação em Porto Alegre.

Convidamos a todos para mais um momento importante: a apresentação do Coral “Mazzolin di Fiori”, que cantará o Hino Italiano e interpretará a música Santa Luccia.

 

(O Coral apresenta-se.)

 

Vou sair do protocolo para fazer uma homenagem especial a um ex-Vereador e, em nome dele, homenagear os demais ex-Vereadores presentes. Peço ao nosso ex-Presidente Airto Ferronato que participe da Mesa.

Consideramos como extensão da Mesa: a Sra. Eloni Martins, representando a Legião de Maria; o Sr. Isany Carlos Mendel, representando o Presidente do Movimento Emaús; a Sra. Alice Silla Cafrune, representando a Hora de Oração do Sacerdote; o Padre Ivo Antonio Pretto, da Igreja Pompéia; o Padre Luciano Ciman, de Belém do Pará; o Sr. Carlos Adamatti, representando o Diretor de Operação do BRDE, Vitor Faccione; a Sra. Glória Nedel, esposa do Ver. João Nedel; o Dr. Sérgio Bachelli, representando a Secretaria da Saúde, na condição de Secretário-Adjunto da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul; o Sr. Guido Moesch, ex-Deputado; o Sr. Antônio Pires, ex-Deputado e ex-Prefeito; o Eng. Henrique Anawate, ex-Secretário de Minas e Energia; o Sr. Alfredo Mello, da Associação e do Sindicato dos Bancos do Rio Grande do Sul; o Pe. Genuir Pieta, Pároco da Igreja da Pompéia; o representante do Monsenhor Máximo Benvegnu, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora; Amadeu Canelas, Pároco da Nossa Senhora da Piedade; Ivo Guizzardi, Secretário de Ação Social; José Machado Leal, do Movimento Tradicionalista; Jacira Onzi, Presidenta do Hospital Mãe de Deus; Alberto Moesch, 1º Suplente de Vereador do PPB da nossa Câmara, representando o Secretário da Região Metropolitana do Governo do Estado; e o Padre Inácio Froenner.

Passamos a palavra ao proponente desta homenagem, aprovada pela unanimidade da Casa, Ver. João Carlos Nedel, que fala pelas bancadas do PT, PTB, PDT, PMDB, PPS e PSB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Eu poderia saudar individualmente cada um, porque todos são membros, componentes, autoridades, filhos diretos do nosso Pai. Sejam todos saudados. É uma honra, também, falar pelas Bancadas do PDT, PPS, PTB, PSB, PFL, PMDB, PT.   

Hoje é dia de louvor, dia de agradecimento; é dia de dar graças, tudo a Cristo, por ter criado uma pessoa tão a sua imagem e semelhança, como é o nosso querido Padre Florindo Ciman. A homenagem que nós e toda a Porto Alegre prestamos ao Padre Florindo é pequena se comparada aos serviços prestados na formação de pessoas, muitas das quais vimos hoje, aqui, e sei também que está aqui mais de uma geração que o Senhor formou, a que o Senhor transmitiu os fundamentos e os valores, aqueles princípios fundamentais como a solidariedade, o valor da vida, a ajuda mútua, tudo para a concretização de um mundo melhor. Enfim, Padre Florindo, o Senhor tornou transparente o amor.

Permita-me repetir, de uma forma sintética, uma lenda contada pelo Coordenador do último encontro da Associação dos Dirigentes Cristãos, ao qual o Senhor compareceu, trabalhando conosco o dia inteiro na formação de dirigentes cristãos de empresa. Diz a lenda:

Um senhor, possuidor de grande quantidade de terras, plantou um bambuzal - um taquaral, como se diz aqui no Rio Grande do Sul - para embelezar mais ainda uma cascata que procedia de uma fonte cristalina e inesgotável. Depois de certo tempo, dirigiu-se para o maior e mais bonito bambu e disse que teria que usá-lo, transformando-o em condutor daquela água cristalina, para irrigar as suas terras. O exuberante bambu respondeu ao Senhor: “Se for para servi-lo, Senhor, arranque-me, corte-me, para que eu cumpra a missão de seu agrado”. E assim se fez. E suas plantações frutificaram cem por um, duzentos por um.

Exatamente assim, Senhoras e Senhores, fez o Senhor Deus com o Padre Florindo. Escolheu o seu dileto filho, encheu-o de talentos e dos dons do Espírito Santo, afastou-o de sua pátria e de seus familiares, enviando-o para o Brasil, inicialmente, para Guaporé; após, Encantado e, depois, para Porto Alegre. E Florindo transformou-se em conduto, em canal, em ponte do amor de Deus e irrigou milhares de vidas com as graças divinas. Fundou o movimento de Cursilho de Cristandade, o movimento de casais Teorema, os encontros paroquiais, o Encontro de Casais com Cristo - ECC; a Tenda do Shalom, e daí frutificaram: o Emaús, o CLJ, o EJC, o Onda. Também fundou a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas e seu curso de reflexão que pretende levar Cristo às empresas e ao mundo do trabalho. E daí surgiu o encontro de funcionários, de médicos, de juristas, de políticos e de professores. Qualquer exercício matemático seria impreciso, mas posso assegurar para o Pe. Florindo que está beirando a cem mil pessoas beneficiadas pela ação desse enviado por Deus.

É fácil falar sobre o Padre Florindo, mas preferi também ouvir algumas pessoas que também convivem com o homenageado. Veja, meu caro Presidente Clovis Ilgenfritz, que hoje se vê abençoado pela presença do nosso Cristo neste Plenário, meu caro Presidente, veja o que dizem essas pessoas. Diz um: “. Nossa afinidade é tão grande que nos chamamos de irmãos”. Outra que está aqui presente - estou olhando para ela aqui: “Há 22 anos, Padre Florindo é presença em todos os momentos da vida da nossa família, dando-nos apoio espiritual e de amizade”. “O valor que ele dá à vida das pessoas é a certeza do amor de Deus. É um pai, um amigo de todas as horas e orientador espiritual que transmite segurança e fé”. Estou olhando também para a pessoa que disse essa frase. “Há muitos anos, o Padre Florindo celebra a Missa de Natal e Ano Novo aqui na empresa, iluminando o ambiente dos negócios com a mensagem evangélica. Padre Florindo é meu amigo e de meus familiares; é sempre uma forte presença em todos os momentos da nossa vida. Obrigado por ser o Senhor quem é em todos os momentos de nossa vida”. Uma criança de 11 anos disse assim: “Padre Florindo é amigo nos momentos alegres e tristes; ele vai ser santo”.

Para concluir, sintetizo a vida do Padre Florindo numa pequena frase: É um construtor de pessoas e do reino de Deus. Em minha convivência de 24 anos com o Padre Florindo, anotei algumas frases que muito me marcaram, e tenho certeza de que cada um de vocês aqui têm muitas frases dele. Eu disse uma para um casal amigo: “Casamento: a gente casa todos os dias com a mesma pessoa”. E ainda referente ao casamento conjugal - é bom que todos ouçam, claro, menos os sacerdotes: “Não importa quem manda, importa quem mais ama”. “O casamento é um incrível paradoxo em que duas pessoas se tornam uma só sem perder sua individualidade.” Lembro também de um mandamento do Padre Florindo: “Seja você a amar primeiro”. Guardemos esse mandamento.

Para meditarmos nessa vida conturbada que temos, devemos lembrar que o mundo se preocupa com o barulho de uma árvore queimando, mas esquece o imenso silêncio de uma floresta crescendo.

A homenagem que hoje prestamos ao Padre Florindo Ciman é uma pequena porção do imenso carinho que ele distribuiu durante anos e continua a espalhar, mostrando, concretamente, o que a humanidade muitas vezes não consegue ver: amor, carinho, compreensão, ajuda mútua, amizade.

Faço minhas as palavras de São Lucas no Evangelho de hoje: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Parabéns e muito obrigado, Padre Florindo.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Vera. Anamaria Negroni e queremos considerar ainda como extensão da Mesa a ex-Deputada e assessora desta Casa, Derci Furtado, e a jornalista Rita Daudt, que é Coordenadora das Relações Públicas da CRT e que foi Coordenadora de Imprensa desta Casa.

 

(É feita a leitura das correspondências enviadas ao homenageado.)       

 

Queremos fazer a leitura de uma das mensagens, em nome de todas as demais dirigidas ao Reverendo Pe. Florindo Ciman: (Lê.)

“Reverendo Padre, fui informado pelo ilustre Ver. João Carlos Nedel de que a Câmara Municipal de Porto Alegre, através de sua Mesa Diretora, entregará a V.Rev.ª o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre no próximo dia 30. Agrada-me manifestar, por meio desta, os meus votos de felicitações pela honrosa distinção proporcionada pelo Legislativo Municipal, em sinal de reconhecimento do seu trabalho, em prol do povo de Deus presente em Porto Alegre. Desejando continuar com os pastoreios, aproveito para confirmar-me com sentimentos de eterna estima no Senhor.”

Assina Dom Alfio Rapisarda. Núncio Apostólico.

 

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente desta Casa, mui digno Ver. Clovis Ilgenfritz da Silva. Padre Florindo Ciman, nosso homenageado. (Saúda os demais componentes da Mesa.)

 É preciso que me justifique, antes de começar o meu discurso. Por que eu estou falando? Eu mesmo não sei. Percival Puggina me fez falar, quando o Padre Florindo, no ano passado, fazia 50 anos de sua vida sacerdotal. E o João Carlos Nedel induziu-me a falar também, e quase que me sinto um intruso, porque não deleguei poderes a João Dib para que falasse em nome de todos. Estava eu matutando isso, quando resolvi deixar que as coisas ficassem como estão, para dizer o que vou dizer.

Por que Ele coloca a mão e, com a sombra dessa mão, distingue algum sobre alguns. Por que os preferidos? Que critérios Ele obedece? São predileções das quais este algum não pode se furtar. Por que Ele ergue a sua mão, maior do que o universo, mais antiga do que Ele e engaja todo cosmos, depositando em sua sombra, e distingue os preferidos? Eu falo sobre a sombra da mão, da mão de Cristo.

Há um mês os jornais de Porto Alegre publicaram os semblantes de cinco jovens que mudaram as suas vidas: advogados, engenheiros, biólogos, homens de comércio. Em cinco lugares diferentes, receberam e sentiram o calor da sombra da mão. Era de se ver a tranqüilidade de suas fisionomias, respondendo a este chamado silencioso, largando tudo. Mas que tudo é este? Para ingressarem na família eclesiástica. Um detalhe: os que abandonam esta família - eu reparo, e sou um católico mediano, fiz um cursilho, mais nada - mais tarde, eles não encontram sossego. Podem até encontrar felicidade nas famílias que constituíram, mas não tranqüilidade na vida alternativa.

Que mistério! Que força da sombra da mão! As satisfações dos prazeres da família se repassam trôpegas, algo que fica para trás, marcando o irrecuperável da vida religiosa. Eu reparo. Sou um leigo. Eu te escolhi! Mas não se houve voz alguma reclamando essa posse. Há de ser um brado interno a completar um vazio, um dar de si de certas criaturas - os escolhidos -, gerando um estado de calma expectativa. É, ou deve ser, um silêncio tranqüilo o achado, a resposta para o convite da vocação. Nem todos podem, ou merecem, a preferência recebida em silêncio. Foram raros, raríssimos, os que escutaram a voz chamando, como aquela que, no caminho de Damasco, “virou o jogo”, como se diz na gíria, perguntando: “Saulo, por que me persegues?” Nem sei se foi com o tom de voz que eu dei aqui. Finalmente, a pergunta imperativa cegou e fez cair por terra o talento, a operosidade do grande Paulo, o teórico da Igreja. Em segundos aconteceu isso.

Eis, por conseguinte, algumas considerações sobre os trombetas do Senhor, que, em certo momento, lá pelos idos de 36 ou 38, devem ter arregimentado Florindo, para que, em dezembro de 46, celebrasse a sua primeira missa, e, na Ordem dos Carlistas, recebesse, em Roma, a sua primeira determinação. Deslocou-se para o Brasil - Guaporé. Era o chamado silencioso, o chamado de voz. O Padre Florindo, soldado eclesiástico, veio para o Brasil ajudar a erguer uma catedral e, por fim, seu quartel-general dos movimentos cursilhistas na Igreja N. Sra. da Pompéia. Estava demarcada a sua trilha: Cursilhos de Cristandade, Emaús, Casais com Cristo, reunindo leigos.

No ano passado, quando ele comemorava seus 50 anos sacerdotais, por culpa de Puggina, ocupei a tribuna para destacar que, naquele domingo, 08 de dezembro, eu vi 400 pessoas, se não mais, lá na Pompéia, para homenageá-lo sob intenso calor. Os seus parentes vieram da Itália. Florindo permanecia calado, contemplando políticos, militares, homens de Governo presentes à homenagem. E notem: era um domingo de jogo do Grêmio, não desse Grêmio de derrotas, que hoje, amarguradamente, assistimos. Era um outro Grêmio, de vitórias que pareciam não ter mais fim. Todos permaneciam firmes, sem abandonar o salão da Pompéia, para ver e seguir o velho soldado de Cristo, impassível. Padre Florindo tem uma fisionomia e um porte de soldado impassível recebendo a homenagem de amigos, que não havia pedido. Em seu peito os amigos colocaram a passadeira de platina dos 50 anos de bons serviços, como se faz no Exército, dedicados a Cristo. Mobilizado, engajado, após um chamado que só Florindo pode responder, no caso, quanto a sua vocação sacerdotal, se foi um chamado à voz ou um chamado em silêncio.

Eu, João Dib, João Carlos Nedel desejamos ao Padre Florindo muitas felicidades e que conte com seus amigos como está contando hoje. Que maravilha poder ter tantos amigos que deixaram várias tarefas e vieram aqui dizer: “Florindo, nós gostamos de você”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar, ainda, como extensão da Mesa, o casal João Carlos Petersen, Coordenador Geral do Movimento de Cursilhos de Cristandade da Arquidiocese de Porto Alegre; o Dr. Flávio, Presidente do Sindicato dos Médicos e representante dos Médicos Católicos do Rio Grande do Sul.

Teremos agora a apresentação do Cantor Mauro Harff, do Grupo Caverá, que apresentará Coríntios 13.1, Canto e Lamento de um Velho Semeador e Canção do Gaúcho.

 

(É feita a apresentação.)

 

Convido o representante do Prefeito Municipal, Frei José Felisberto, para entregar o título, e o Ver. João Nedel e esposa, para, junto conosco, fazer a entrega desta placa.

 

(É feita a entrega do título.)  

 

O Padre Florindo Ciman está com a palavra.

 

O SR. FLORINDO CIMAN: Meus caros amigos, a começar pelos componentes da Mesa, quero dizer que estão todos no meu coração.

Sempre tive medo desta hora, porque a gente recebe a homenagem com muito prazer e com muita comoção, sabendo que não merece. Depois, temos dúvida sobre o que falar. Acontece que falaram tanto, que agora eu não precisaria falar mais.

Dizem na minha terra que dinheiro e santidade é metade da metade, mas no meu caso não é 25%, não é nem 5%. Em todo o caso, a bondade de vocês supre o resto e agradeço de coração a todos que estão aqui, porque não posso nomear todos. Agradeço à Mesa e a todos aqueles que tiveram a paciência de ficar aqui durante quase duas horas. Não posso deixar de recordar todos aqueles que estão aqui. Não posso deixar de recordar os superiores, especialmente a saudosa memória de Dom Vicente Scherer, Dom Cláudio, que sempre me apoiaram e me demonstraram a sua amizade, Dom Altamiro, Dom Antônio e Dom Tadeu, com quem trabalho há muitos anos, e os outros padres que estão aqui, o meu Superior Provincial, que sempre, na sua bondade, quis me acompanhar e apoiar. Quero agradecer a todos.

Vou quebrar o cerimonial, porque, além de recordar o meu irmão Padre Luciano, que veio de longe com muito sacrifício, para representar a família real, quero fazer a minha homenagem ao meu irmão adotivo, Emílio Zanon, que veio de Guaporé. Fomos declarados irmãos em 48 e, desde aquela época, sempre ficamos juntos. Todos vocês são meus irmãos adotivos.

Vim para cá voluntariamente, porque não conhecia o Brasil. Depois conheci o Brasil e Nosso Senhor me reservou uma coisa extraordinária: a minha realização pessoal como continuador da obra Dele. Não podia imaginar isso. Quero apenas agradecer a Deus por essa vontade maravilhosa que Ele manifestou e de que nós, às vezes, duvidamos.

Deus é maravilhoso. Fui convidado a ficar em Roma duas vezes, em 69 e 72. Entendi que era melhor ficar em Porto Alegre, e isso foi aceito. Outra ocasião, chamaram-me também para Buenos Aires. Eu disse: “Paciência, eu sou um soldado!”. Mas me deixaram aqui, de novo, porque incomodava menos aqui do que em Buenos Aires.

O meu amigo passou uns dois ou três dias na casa de meu cunhado, que também me hospedava no fim de maio e em junho, e quando voltou dizia à sua esposa: “Eu não sei por que Pe. Florindo quer voltar para o Brasil”. Eu quis voltar e quis ficar porque gosto mais das pessoas do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul. Só por isso eu voltei. E voltarei sempre que Deus me permitir. (Palmas.)

Vim aqui para transmitir, para reconhecer mais do que transmitir, para conhecer, para buscar, para participar dos valores, das tradições antigas, modernas e atuais, das alegrias, da acolhida, da amizade, da fidalguia, da calma, de tudo o que se pode dispensar do povo gaúcho.

Eu vim aqui para uma missão muito grande. Vim para continuar a missão e o carisma da minha congregação Scarabiniana, que foi fundada pelo Monsenhor Scarabini no século passado, e agora, no dia 99 de novembro, o Monsenhor Scarabini será declarado bem-aventurado em Roma, numa grande festa. Eu continuei, por vontade de Deus, a sua missão. A missão de acompanhar aqueles que devem abandonar a pátria, que são desenraizados da sua terra, com o perigo de perderem os valores, os maiores valores que podem acompanhar um homem, os valores que são a manifestação, a sublimação dos valores humanos. Porque Deus nos fez à sua imagem e semelhança, quanto mais nós formos imagem dele, mais nos realizaremos como pessoas humanas. Só nesta direção poderemos nos realizar como pessoas.

Cristo veio para a Terra justamente para conservar tudo isso, para que as pessoas pudessem se realizar, pudessem ter vida, e pudessem tê-la em abundância.

Vim aqui para continuar a estabelecer esses valores. Valores de amor a Deus, como bem supremo, valores da família que, hoje em dia, é muito atacada. E, ao mesmo tempo, de acordo com as últimas entrevistas e pesquisas, os jovens, especialmente, estão voltando a dar um valor imenso à família, como valor fundamental da humanidade.

Por isso, sinto-me muito bem, fazendo tudo de modo a que o pessoal possa manter esses valores humanos porque divinos e divinos porque humanos, valores que se manifestam, especialmente, na amizade e na solidariedade.

Em 1962, passei quase um mês em Zolutur, perto da Basiléia, ajudando meus co-irmãos, com padres suíços de origem alemã. E, ao voltar para o Brasil, disseram-me os padres: “Como é que você fez tantas amizades como nós não conseguimos em 20 anos?” Respondi-lhes: “É muito simples: ninguém resiste a um ato de amor. Ninguém resiste a uma manifestação de amor. Façam como eu faço. Aprendi no Brasil e no Rio Grande, dando aos outros os meus sentimentos, procurando que todos vivam da mesma solidariedade”; solidariedade na qual eu encontro no outro, não apenas um amigo, não apenas um vizinho, mas o meu próximo, que é a imagem do meu Deus. Próximo não é aquele que mora perto de minha casa. É aquele do qual eu me aproximo. Quando me aproximo da pessoa, eu sou o próximo daquela pessoa.

Então, quanto mais nós nos aproximarmos dos outros, vendo neles a imagem de Cristo, a imagem de Deus, mais nós seremos solidários com eles e, mais ainda, encontraremos o fundamento da solidariedade, que é o fato de que o outro é meu irmão, porque temos um Pai comum. Se não tivermos um Pai comum, nunca poderemos ter uma irmandade, uma solidariedade verdadeira, como aquela que está se manifestando agora, de todo o povo gaúcho, para com as pessoas que estão flageladas na fronteira.

Os Senhores devem ter ouvido falar do Fernando Brudel, um grande historiador moderno, que viveu também no Brasil. Vou terminar com as palavras dele: “O Brasil é um país estranho. O governo, às vezes, não é aquilo que nós desejamos; as instituições são o que se sabe. Mas a amizade é uma coisa muito sólida, uma coisa muito séria”. É por isso que eu gosto do Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: (Lê os nomes dos remetentes de telegramas enviados ao Padre Florindo Ciman.)

Foi feita uma sugestão, e a Mesa a aceitou, com a votação simbólica dos Vereadores presentes: passaremos a palavra ao Padre Luciano Ciman, que fala em nome da família Ciman. (Palmas.)

 

O SR. LUCIANO CIMAN: Há mais de 71 anos eu sou irmão dele, e eu queria agradecer a toda a comunidade gaúcha, a toda a comunidade de Porto Alegre esta homenagem maravilhosa que fizeram para o meu irmão.

Eu sei que os meus familiares gostariam de estar aqui presentes. Eu não esperava uma participação tão grande. Sinto que valeu a pena vir de Belém do Pará e chegar aqui para poder observar como o amor ainda é a maior força. Ficar aqui uma hora ou mais para uma homenagem significa ter muito amor.

Quero agradecer a todos em nome da família. A família Ciman é grande e unida, e eu gostaria que todos os familiares soubessem - vamo-nos comunicar com eles hoje - que esta homenagem que vocês prestaram superou nossa imaginação. Muito obrigado. (Palmas)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: (Foi lida correspondência chegada à Mesa.) Nós queremos agradecer a nossa equipe que está na retaguarda de todas as nossas realizações, que são os companheiros de imprensa, fotógrafos, assessores da Casa, relações públicas, os taquígrafos, pessoal da segurança, serviços gerais e todos os demais funcionários da Casa.

Tem-se muito a dizer do Padre Florindo, este homem que escolheu Porto Alegre em detrimento de Buenos Aires e Roma. Quem não quer trabalhar em Roma? Ele preferiu Porto Alegre. Gostaria de fazer uma referência muito especial para mim e para meus companheiros de bancada: o PT foi fundado no salão da Igreja Pompéia, aqui no Rio Grande do Sul. A Igreja Pompéia é para nós um marco histórico muito forte. Eu acho que continuamos a usar a Igreja Pompéia para muitas atividades e sempre está aberta para todos os setores da sociedade.

Quando eu era formando de Arquitetura, um engenheiro que se formou um ano antes trabalhou na Igreja Pompéia - era perto de onde eu morava -, fazendo uma restauração que a tornou muito familiar. Em 1979, fizemos uma reunião memorável, inesquecível naquele lugar.

Há vários ilustres irmãos e religiosos que fazem parte da Sessão neste momento, quando introduzimos o crucifixo, que é uma manifestação de amor.

Ouviremos, neste momento, a execução do Hino Rio-Grandense.

 

(O Hino Rio-Grandense é executado.)

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ontem o Padre Florindo completou 75 anos. Peço mais uma salva de palmas a ele. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18 horas.)

 

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