ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 30.10.1997.
Aos trinta dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às dezesseis horas, constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à
entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Florindo
Ciman, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 18/97 (Processo nº
589/97), de autoria do Vereador João Carlos Nedel. Compuseram a Mesa: o
Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o
Frei José Felisberto, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; o
Bispo Auxiliar de Porto Alegre, Dom Antônio Cheuiche; o Senhor José Antônio
Celia, Diretor da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Rio Grande
do Sul; o Padre Redovino Rizzardo, Superior Provincial de Congressistas dos
Padres Carlistas; o Deputado Federal Luis Roberto Ponte; o ex-Vereador Airto
Ferronato; o Padre Florindo Ciman, Homenageado; o Padre Luciano Ciman, irmão do
Homenageado; o Vereador João Carlos Nedel, na ocasião, Secretário "ad
hoc". Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças da
Senhora Eloni Martins, representante da Legião de Maria; do Senhor Isany Carlos
Mendel, representante do Presidente do Movimento Emaús; da Senhora Alice Silla
Nazé Cafrune, representante da Hora de Oração do Sacerdote; do Padre Ivo
Antonio Pretto, da Igreja Pompéia; do Senhor Carlos Adamatti, representante do
Senhor Vitor Faccioni, Diretor de Operação do BRDE; da Senhora Glória Nedel,
esposa do Vereador João Carlos Nedel; do Senhor Sérgio Bachelli, representante
da Secretaria da Saúde, na condição de Secretário-Adjunto da Saúde no Estado do
Rio Grande do Sul; do ex-Deputado Guido Moesch; do Senhor Antonio Pires,
ex-Deputado e ex-Prefeito; do Engenheiro Henrique Anawatte, ex-Secretário de
Minas e Energia; do Senhor Alfredo Mello, da Associação e do Sindicato dos
Bancos do Rio Grande do Sul; do Padre Genoir Pieta, Pároco da Igreja da
Pompéia; do Representante do Monsenhor Máximo Benvegnu, Pároco da Igreja Nossa
Senhora Auxiliadora; do Padre Amadeu Canelas, Pároco da Igreja Nossa Senhora da
Piedade; do Senhor Ivo Guizzardi, Secretário de Ação Social; do Senhor José
Machado Leal, representando o Movimento Tradicionalista; da Senhora Jacira
Onzi, Presidenta do Hospital Mãe de Deus; do Senhor Alberto Moesch, 1º Suplente
de Vereador da Bancada do PPB nesta Casa, representando a Secretaria da Região
Metropolitana do Governo do Estado; do Padre Inácio Froenner; da Senhora Derci
Furtado, ex-Deputada e Assessora desta Casa; da Senhora Rita Daudt,
Coordenadora das Relações Públicas da CRT e ex-Coordenadora de Imprensa desta
Casa; do Senhor João Carlos Pe
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Saudamos a presença de todos os Senhores, das
Senhoras, dos Srs. Vereadores. Estamos aqui na mesa com o Vereador proponente
da Sessão que hoje se destina a conceder o Título de Cidadão Honorífico ao Pe.
Florindo Ciman, o Ver. João Carlos Nedel. É um título que foi aprovado por
unanimidade na Câmara.
Estamos aproveitando este
momento solene, com a presença de todos os Senhores, muitos religiosos, para
fazer um outro ato, que para nós é importantíssimo, que é preliminar ao
processo que virá depois. Faremos em dois segmentos: uma Sessão Solene
preliminar para a entronização do crucifixo no nosso Plenário, e a Bênção do
Crucifixo; depois, vamos convidar os presentes para a execução do Hino
Nacional, através do Coral “Mazzolin di Fiori”, que estará abrilhantando este
nosso momento em mais uma oportunidade, com o Maestro Gil de Roca Salles.
Depois, a celebração da Bênção do Crucifixo pelo Bispo Tadeu Canellas, que
também nos honra com sua presença; a apresentação de alguns “slides” sobre a
vida do Pe. Florindo, seleção feita pelo Sr. Norberto Bozzetti e pelo Sr.
Antônio Carlos Textor. Também teremos o testemunho, em nome dos movimentos
leigos católicos criados pelo Pe. Florindo, de três pessoas: o Ver. Suplente
Percival Puggina, Dr. Eduardo Viana Pinto e José Antônio Célia.
Convidamos a todos para
assistir, em pé, à execução do Hino Nacional pelo Coral “Mazzolin di Fiori”.
(Procede-se à execução do
Hino Nacional. Palmas.)
Dando seqüência à Sessão,
convidamos para a celebração da Bênção do Crucifixo o Bispo Tadeu Canellas.
(Procede-se à celebração da
Bênção.)
Agora, teremos a
apresentação dos “slides” sobre a vida do Pe. Florindo Ciman.
(Procede-se à apresentação
de “slides”.)
Convidamos o Sr. Percival
Puggina para dar um rápido testemunho.
O SR. PERCIVAL
PUGGINA:
Sr. Presidente, Srs. Bispos, autoridades eclesiásticas presentes, Ver. João
Carlos Nedel, autor desta homenagem que a Cidade de Porto Alegre presta ao Pe.
Florindo Ciman, tantos amigos, tantas amigas, tantos rostos sorrindo.
Sinto-me pequeno para a
tarefa que me foi confiada neste momento, especialmente depois de termos
assistido a cenas emocionantes de um texto que efetivamente corresponde à
verdade.
Esta Casa já prestou muitos
atos de reconhecimento da Cidade de Porto Alegre a pessoas que se destacaram
por aquilo que fizeram, pelo que trouxeram, pelo que construíram. Nós temos
aqui alguns cidadãos de Porto Alegre presentes a este ato. Esta galeria de
homenageados se enriquece hoje com a presença do Padre Florindo.
Estas homenagens que a
Cidade presta a pessoas que não nasceram aqui, mas que contribuíram para o seu
bem, para o seu crescimento, para o seu desenvolvimento, certamente encontra o
seu ponto mais alto entre aqueles que realizaram grandes obras no coração dos
homens, porque é ali que tudo nasce ou é ali que tudo morre. E a vida do Padre
Florindo é um permanente construir do bem, um permanente edificar sobre valores
que, efetivamente, valem, um rebelde descontentamento com o mal e uma
auspiciosa felicidade com o bem.
Então, há algo de novo
sempre que o Plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre se reúne para
construir essa grande construção da humanidade, da família, da Igreja, da
comunidade. E se nós sairmos a procurar as obras do Padre Florindo, nós,
necessariamente, teremos que ir ao encontro das pessoas, e foi isso que ele
sempre fez, nas horas boas, nas horas ruins. E cada um de nós, aqui, está
rendendo esta homenagem de gratidão, de esperança nessa obra que o amor de
Deus, por meio dos seus fiéis sacerdotes pode prestar. Muito obrigado, Padre
Florindo. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Nós convidamos o Dr. Eduardo Viana Pinto para um rápido testemunho.
O SR. EDUARDO
VIANA PINTO:
Ver. Clóvis Ilgenfritz da Silva, Muito Digno Presidente desta Casa; ilustre
Vereador João Carlos Nedel, autor desta homenagem ao nosso querido e eminente
amigo Padre Florindo Ciman; meus caros sacerdotes que aqui se encontram
tributando esta homenagem ao nosso querido Padre Florindo; Srs. Vereadores;
Srs. Deputados; meus Senhores; minhas Senhoras; entidades aqui representadas,
cabe a nós um testemunho em relação ao homenageado por esta Casa. Eu lhes falo
fortemente emocionado, porque retorno a esta tribuna após cinco anos, quando
recebi desta egrégia Câmara Municipal o título que hoje, igualmente, é
concedido ao nosso homenageado Padre Florindo. Retorno aqui com a mesma emoção
de cinco anos atrás, que só aqueles que recebem esse galardão podem, realmente,
avaliar o que ele representa. Falo em nome da entidade que presido, a
Associação dos Juristas Católicos do Rio Grande do Sul. Essa Associação foi
implantada já há alguns anos sob a inspiração e iniciativa de Dom Antônio
Cheuiche, que prestigia este ato. Já conhecia o nosso homenageado, Padre
Florindo, há alguns anos, de nome, pelas suas atividades múltiplas, liderando
os mais diferentes movimentos católicos. Mas foi a partir de quatro anos atrás
que tive um contato mais próximo com ele. Foi quando fundamos essa Associação
dos Juristas Católicos do Rio Grande do Sul que o Padre Florindo tornou-se mais
íntimo. A partir daí passamos a conhecê-lo mais intimamente e passamos a
apreciar suas exuberantes qualificações. Ele passou a ser Diretor da nossa
Associação na condição de Diretor Espiritual dessa nossa entidade e participa
ativamente dos nossos trabalhos, não só como orientador doutrinário, mas,
efetivamente, dá uma contribuição excepcional a todos os profissionais da área
do Direito, não só aos advogados, mas aos juízes, desembargadores, promotores,
procuradores, com sua palavra de fé, de carinho. Um homem que, para nós,
representa o sucesso dessa iniciativa que hoje é uma realidade no Estado do Rio
Grande do Sul. O Padre Florindo avançou, e muito, nos corações de todos os
profissionais do Direito. Ele tornou-se um amigo. Antes era um conselheiro, um
companheiro de diretoria, e se converteu num amigo. E amigo - eu já vi essa
palavra conceituada pelos mais diferentes pensadores -, amigo é aquele que é
solidário, que é compreensivo, que está ao nosso lado, que quer ver a gente
crescer, que é o nosso confidente. Mas amigo, no nosso entendimento, não é só
para a hora de alegrias; é fundamentalmente quando temos dificuldades, quando
temos problemas, quando somos assaltados pelas angústias e pelas aflições. Aí,
encontramos o Padre Florindo nos assistindo com as suas palavras cheias de
experiência, nos orientando, nos aconselhando. Eu entendo que amigo é definido
por uma única palavra: compartilhar, esse compartilhamento entre a dor e a
alegria, entre o sucesso e as incompreensões, quando identificamos quem é e
quem merece ser qualificado como nosso amigo.
Quero, também, nesta
oportunidade, em homenageando a quem foi galardoado com essa distinção pela
Câmara Municipal de Porto Alegre, não esquecer a figura do Ilustre Vereador,
líder católico do Rio Grande do Sul, João Carlos Nedel, que teve a feliz
iniciativa de provocar a outorga desse prêmio maior desta Casa. A ele a
Associação de Juristas Católicos do Rio Grande do Sul quer tributar as suas
homenagens.
Quero encerrar, Padre
Florindo, e dizer que nós, Juristas Católicos, especialmente este que preside a
entidade, sentimos felicidade quando a Câmara Municipal de Porto Alegre lhe
tributa esta justa e merecida homenagem que só pode ser medida pela mesma
felicidade de tê-lo como nosso amigo. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com
a palavra, o Sr. José Antônio Célia.
O SR. JOSÉ
ANTÔNIO CÉLIA:
Sr. Presidente, autoridades presentes, Ver. João Nedel, há dois mil anos um
moço rico foi a Jesus e disse-lhe que cumpria os mandamentos e que se mantinha
íntegro e todas aquelas coisas importantes, mas que era preciso fazer mais para
que fosse mais. E Jesus lhe disse: “Larga tudo, dá o que tens e me segue”. Nós,
na celeridade de nossa vida, não nos damos conta das coisas que acontecem ao
nosso redor, e foi exatamente isso que o Padre Florindo fez. Ele largou a sua
vida, a sua família maravilhosa, largou a possibilidade de ser um grande
empresário cristão e seguiu o Mestre. Nós, da Associação de Dirigentes Cristãos
de Empresas, muito bem o sabemos. Há pessoas que seguem o ritmo e o rumo da
história sempre em função dos vitoriosos, e há as pessoas solidárias na
história dos homens que estão com eles em todas as horas. Não bastasse
instruir, ensinar, pregar como ser um dirigente cristão de empresa ético,
impregnar-se de valores éticos, procurar que o progresso seja distribuído com
justiça, a valorização e a dignidade do homem, formar consciências de tudo isso
para que assim haja oportunidades a homens e para que se construa uma sociedade
mais solidária e justa, não bastasse isso, o Padre Florindo seguiu a história
do compromisso com o homem. Não há dirigente nessa entidade que não tenha sido
visitado por ele nas horas mais difíceis. E todos nós conhecemos, na área
empresarial, na área da economia, os desafios, as torturas, os sucessos e os
insucessos, que são rapidíssimos, o sofrimento. Aqueles que conhecem a vida de
hospitais e de médicos sabem que, quando temos algum ente querido
hospitalizado, ou nós mesmos passamos por algumas dificuldades e estamos
internados em um hospital, distinguimos como estamos pela quantidade de médicos
e enfermeiras que estão a nossa volta; quando melhoramos, desaparecem os
médicos, as enfermeiras, as visitas. Sabemos quando estamos realmente mal
porque, independente da leitura do balanço da nossa vida, o Padre Florindo
aparece antes do tempo: é premonição. Sempre que se precisa de ajuda o Padre
Florindo está presente. Essa grandeza, essa visão de unir o lado intelectual e
tentar formar novas lideranças, a vivência comum do dia-a-dia em contato com o
sucesso e os reveses fez do Padre Florindo uma figura gigantesca diante de toda
a nossa comunidade. É por isso que todos os dirigentes de Porto Alegre, que
amamos Porto Alegre, que temos um profundo respeito por Porto Alegre, sabemos
como faz parte da nossa felicidade unir a nossa felicidade à felicidade da
Cidade em que nós moramos, como é importante gostarmos da realidade que nos
cerca, nos identificarmos com o local onde vivemos.
Hoje estamos muito felizes
com Porto Alegre, porque tivemos uma oportunidade rara, ímpar de, convivendo
com a Cidade que amamos, realizar a justiça. Hoje Porto Alegre, mais uma vez,
se concilia com o espírito de justiça. Como é importante amar Porto Alegre, e
Porto Alegre, através de vocês, realizando uma justiça tão profunda, capaz de
promover em vida uma pessoa que realmente espalhou o bem por toda ela e por
muito mais. Esse é o espírito dos dirigentes que estão nas empresas. Não há
como agradecer e não há palavras que consigamos dizer para externar tudo aquilo
que aconteceu nesse processo todo de crescimento de nossa entidade, nesse
movimento que o Padre Florindo e Antônio geraram e que agora se vê
consubstanciar na própria Cidade que o acolheu, através da realização da
verdadeira justiça. Muito obrigado ao Padre Florindo e à Cidade de Porto
Alegre, representada por suas lideranças especiais.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Concluímos
a nossa assembléia preliminar com essa apresentação magnífica dos “slides” da
produção do meu colega Norberto Bozzetti, arquiteto, e de seu colega Antônio
Carlos Textor. São testemunhos magníficos que ficaram aqui para fazer parte de
todo esse cerimonial que estamos realizando hoje.
Estamos abrindo a 28ª Sessão
Solene da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da XII Legislatura.
Estamos realizando esta Sessão destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto
Alegre ao Padre Florindo Ciman.
O Requerimento, que se
transformou no Projeto de Lei nº 18, Processo nº 589/97, foi proposto pelo Ver.
João Carlos Nedel.
Na condição de Presidente da
Mesa, tenho a honra de abrir esta Sessão, convidando para participar da Mesa o
excelentíssimo representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Frei José
Felisberto; o nosso querido homenageado, Padre Florindo Ciman. Convidamos
também para compor a Mesa, para honra nossa, o Bispo Auxiliar de Porto Alegre,
Dom Antônio Cheuiche; o Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de
Empresas do Rio Grande do Sul, Sr. Antônio D'Amico; o Superior Provincial de
Congressistas dos Padres Carlistas, Padre Redovino Rizzardo; o Padre Luciano
Ciman, irmão do nosso homenageado, e o Deputado Luis Roberto Ponte, que
representa aqui não só o amigo, mas o Congresso Nacional.
O Sr. Antônio D'Amico
solicita que seja substituído pelo Sr. José Antônio Célia, que é Presidente da
Associação em Porto Alegre.
Convidamos a todos para mais
um momento importante: a apresentação do Coral “Mazzolin di Fiori”, que cantará
o Hino Italiano e interpretará a música Santa Luccia.
(O Coral apresenta-se.)
Vou sair do protocolo para
fazer uma homenagem especial a um ex-Vereador e, em nome dele, homenagear os demais
ex-Vereadores presentes. Peço ao nosso ex-Presidente Airto Ferronato que
participe da Mesa.
Consideramos como extensão
da Mesa: a Sra. Eloni Martins, representando a Legião de Maria; o Sr. Isany
Carlos Mendel, representando o Presidente do Movimento Emaús; a Sra. Alice
Silla Cafrune, representando a Hora de Oração do Sacerdote; o Padre Ivo Antonio
Pretto, da Igreja Pompéia; o Padre Luciano Ciman, de Belém do Pará; o Sr.
Carlos Adamatti, representando o Diretor de Operação do BRDE, Vitor Faccione; a
Sra. Glória Nedel, esposa do Ver. João Nedel; o Dr. Sérgio Bachelli,
representando a Secretaria da Saúde, na condição de Secretário-Adjunto da Saúde
do Estado do Rio Grande do Sul; o Sr. Guido Moesch, ex-Deputado; o Sr. Antônio
Pires, ex-Deputado e ex-Prefeito; o Eng. Henrique Anawate, ex-Secretário de
Minas e Energia; o Sr. Alfredo Mello, da Associação e do Sindicato dos Bancos
do Rio Grande do Sul; o Pe. Genuir Pieta, Pároco da Igreja da Pompéia; o
representante do Monsenhor Máximo Benvegnu, Pároco da Paróquia Nossa Senhora
Auxiliadora; Amadeu Canelas, Pároco da Nossa Senhora da Piedade; Ivo Guizzardi,
Secretário de Ação Social; José Machado Leal, do Movimento Tradicionalista;
Jacira Onzi, Presidenta do Hospital Mãe de Deus; Alberto Moesch, 1º Suplente de
Vereador do PPB da nossa Câmara, representando o Secretário da Região
Metropolitana do Governo do Estado; e o Padre Inácio Froenner.
Passamos a palavra ao
proponente desta homenagem, aprovada pela unanimidade da Casa, Ver. João Carlos
Nedel, que fala pelas bancadas do PT, PTB, PDT, PMDB, PPS e PSB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os demais
componentes da Mesa.) Eu poderia saudar individualmente cada um, porque todos
são membros, componentes, autoridades, filhos diretos do nosso Pai. Sejam todos
saudados. É uma honra, também, falar pelas Bancadas do PDT, PPS, PTB, PSB, PFL,
PMDB, PT.
Hoje é dia de louvor, dia de
agradecimento; é dia de dar graças, tudo a Cristo, por ter criado uma pessoa
tão a sua imagem e semelhança, como é o nosso querido Padre Florindo Ciman. A
homenagem que nós e toda a Porto Alegre prestamos ao Padre Florindo é pequena
se comparada aos serviços prestados na formação de pessoas, muitas das quais
vimos hoje, aqui, e sei também que está aqui mais de uma geração que o Senhor
formou, a que o Senhor transmitiu os fundamentos e os valores, aqueles
princípios fundamentais como a solidariedade, o valor da vida, a ajuda mútua,
tudo para a concretização de um mundo melhor. Enfim, Padre Florindo, o Senhor
tornou transparente o amor.
Permita-me repetir, de uma
forma sintética, uma lenda contada pelo Coordenador do último encontro da
Associação dos Dirigentes Cristãos, ao qual o Senhor compareceu, trabalhando
conosco o dia inteiro na formação de dirigentes cristãos de empresa. Diz a
lenda:
Um senhor, possuidor de
grande quantidade de terras, plantou um bambuzal - um taquaral, como se diz
aqui no Rio Grande do Sul - para embelezar mais ainda uma cascata que procedia
de uma fonte cristalina e inesgotável. Depois de certo tempo, dirigiu-se para o
maior e mais bonito bambu e disse que teria que usá-lo, transformando-o em
condutor daquela água cristalina, para irrigar as suas terras. O exuberante
bambu respondeu ao Senhor: “Se for para servi-lo, Senhor, arranque-me, corte-me,
para que eu cumpra a missão de seu agrado”. E assim se fez. E suas plantações
frutificaram cem por um, duzentos por um.
Exatamente assim, Senhoras e
Senhores, fez o Senhor Deus com o Padre Florindo. Escolheu o seu dileto filho,
encheu-o de talentos e dos dons do Espírito Santo, afastou-o de sua pátria e de
seus familiares, enviando-o para o Brasil, inicialmente, para Guaporé; após,
Encantado e, depois, para Porto Alegre. E Florindo transformou-se em conduto,
em canal, em ponte do amor de Deus e irrigou milhares de vidas com as graças
divinas. Fundou o movimento de Cursilho de Cristandade, o movimento de casais
Teorema, os encontros paroquiais, o Encontro de Casais com Cristo - ECC; a
Tenda do Shalom, e daí frutificaram: o Emaús, o CLJ, o EJC, o Onda. Também
fundou a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas e seu curso de reflexão
que pretende levar Cristo às empresas e ao mundo do trabalho. E daí surgiu o
encontro de funcionários, de médicos, de juristas, de políticos e de
professores. Qualquer exercício matemático seria impreciso, mas posso assegurar
para o Pe. Florindo que está beirando a cem mil pessoas beneficiadas pela ação
desse enviado por Deus.
É fácil falar sobre o Padre
Florindo, mas preferi também ouvir algumas pessoas que também convivem com o
homenageado. Veja, meu caro Presidente Clovis Ilgenfritz, que hoje se vê
abençoado pela presença do nosso Cristo neste Plenário, meu caro Presidente,
veja o que dizem essas pessoas. Diz um: “. Nossa afinidade é tão grande que nos
chamamos de irmãos”. Outra que está aqui presente - estou olhando para ela
aqui: “Há 22 anos, Padre Florindo é presença em todos os momentos da vida da
nossa família, dando-nos apoio espiritual e de amizade”. “O valor que ele dá à
vida das pessoas é a certeza do amor de Deus. É um pai, um amigo de todas as
horas e orientador espiritual que transmite segurança e fé”. Estou olhando
também para a pessoa que disse essa frase. “Há muitos anos, o Padre Florindo
celebra a Missa de Natal e Ano Novo aqui na empresa, iluminando o ambiente dos
negócios com a mensagem evangélica. Padre Florindo é meu amigo e de meus
familiares; é sempre uma forte presença em todos os momentos da nossa vida.
Obrigado por ser o Senhor quem é em todos os momentos de nossa vida”. Uma
criança de 11 anos disse assim: “Padre Florindo é amigo nos momentos alegres e
tristes; ele vai ser santo”.
Para concluir, sintetizo a
vida do Padre Florindo numa pequena frase: É um construtor de pessoas e do
reino de Deus. Em minha convivência de 24 anos com o Padre Florindo, anotei
algumas frases que muito me marcaram, e tenho certeza de que cada um de vocês
aqui têm muitas frases dele. Eu disse uma para um casal amigo: “Casamento: a
gente casa todos os dias com a mesma pessoa”. E ainda referente ao casamento
conjugal - é bom que todos ouçam, claro, menos os sacerdotes: “Não importa quem
manda, importa quem mais ama”. “O casamento é um incrível paradoxo em que duas
pessoas se tornam uma só sem perder sua individualidade.” Lembro também de um
mandamento do Padre Florindo: “Seja você a amar primeiro”. Guardemos esse
mandamento.
Para meditarmos nessa vida
conturbada que temos, devemos lembrar que o mundo se preocupa com o barulho de
uma árvore queimando, mas esquece o imenso silêncio de uma floresta crescendo.
A homenagem que hoje
prestamos ao Padre Florindo Ciman é uma pequena porção do imenso carinho que
ele distribuiu durante anos e continua a espalhar, mostrando, concretamente, o
que a humanidade muitas vezes não consegue ver: amor, carinho, compreensão,
ajuda mútua, amizade.
Faço minhas as palavras de
São Lucas no Evangelho de hoje: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Parabéns
e muito obrigado, Padre Florindo.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Vera. Anamaria Negroni e queremos considerar
ainda como extensão da Mesa a ex-Deputada e assessora desta Casa, Derci
Furtado, e a jornalista Rita Daudt, que é Coordenadora das Relações Públicas da
CRT e que foi Coordenadora de Imprensa desta Casa.
(É feita a leitura das
correspondências enviadas ao homenageado.)
Queremos fazer a leitura de
uma das mensagens, em nome de todas as demais dirigidas ao Reverendo Pe.
Florindo Ciman: (Lê.)
“Reverendo Padre, fui
informado pelo ilustre Ver. João Carlos Nedel de que a Câmara Municipal de
Porto Alegre, através de sua Mesa Diretora, entregará a V.Rev.ª o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre no próximo dia 30. Agrada-me manifestar,
por meio desta, os meus votos de felicitações pela honrosa distinção
proporcionada pelo Legislativo Municipal, em sinal de reconhecimento do seu
trabalho, em prol do povo de Deus presente em Porto Alegre. Desejando continuar
com os pastoreios, aproveito para confirmar-me com sentimentos de eterna estima
no Senhor.”
Assina Dom Alfio Rapisarda.
Núncio Apostólico.
O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente desta Casa, mui digno Ver. Clovis
Ilgenfritz da Silva. Padre Florindo Ciman, nosso homenageado. (Saúda os demais
componentes da Mesa.)
É preciso que me justifique, antes de começar o meu discurso. Por
que eu estou falando? Eu mesmo não sei. Percival Puggina me fez falar, quando o
Padre Florindo, no ano passado, fazia 50 anos de sua vida sacerdotal. E o João
Carlos Nedel induziu-me a falar também, e quase que me sinto um intruso, porque
não deleguei poderes a João Dib para que falasse em nome de todos. Estava eu
matutando isso, quando resolvi deixar que as coisas ficassem como estão, para
dizer o que vou dizer.
Por que Ele coloca a mão e,
com a sombra dessa mão, distingue algum sobre alguns. Por que os preferidos?
Que critérios Ele obedece? São predileções das quais este algum não pode se
furtar. Por que Ele ergue a sua mão, maior do que o universo, mais antiga do
que Ele e engaja todo cosmos, depositando em sua sombra, e distingue os
preferidos? Eu falo sobre a sombra da mão, da mão de Cristo.
Há um mês os jornais de
Porto Alegre publicaram os semblantes de cinco jovens que mudaram as suas
vidas: advogados, engenheiros, biólogos, homens de comércio. Em cinco lugares
diferentes, receberam e sentiram o calor da sombra da mão. Era de se ver a
tranqüilidade de suas fisionomias, respondendo a este chamado silencioso,
largando tudo. Mas que tudo é este? Para ingressarem na família eclesiástica.
Um detalhe: os que abandonam esta família - eu reparo, e sou um católico
mediano, fiz um cursilho, mais nada - mais tarde, eles não encontram sossego.
Podem até encontrar felicidade nas famílias que constituíram, mas não
tranqüilidade na vida alternativa.
Que mistério! Que força da
sombra da mão! As satisfações dos prazeres da família se repassam trôpegas,
algo que fica para trás, marcando o irrecuperável da vida religiosa. Eu reparo.
Sou um leigo. Eu te escolhi! Mas não se houve voz alguma reclamando essa posse.
Há de ser um brado interno a completar um vazio, um dar de si de certas
criaturas - os escolhidos -, gerando um estado de calma expectativa. É, ou deve
ser, um silêncio tranqüilo o achado, a resposta para o convite da vocação. Nem
todos podem, ou merecem, a preferência recebida em silêncio. Foram raros,
raríssimos, os que escutaram a voz chamando, como aquela que, no caminho de
Damasco, “virou o jogo”, como se diz na gíria, perguntando: “Saulo, por que me
persegues?” Nem sei se foi com o tom de voz que eu dei aqui. Finalmente, a pergunta
imperativa cegou e fez cair por terra o talento, a operosidade do grande Paulo,
o teórico da Igreja. Em segundos aconteceu isso.
Eis, por conseguinte,
algumas considerações sobre os trombetas do Senhor, que, em certo momento, lá
pelos idos de 36 ou 38, devem ter arregimentado Florindo, para que, em dezembro
de 46, celebrasse a sua primeira missa, e, na Ordem dos Carlistas, recebesse,
em Roma, a sua primeira determinação. Deslocou-se para o Brasil - Guaporé. Era
o chamado silencioso, o chamado de voz. O Padre Florindo, soldado eclesiástico,
veio para o Brasil ajudar a erguer uma catedral e, por fim, seu quartel-general
dos movimentos cursilhistas na Igreja N. Sra. da Pompéia. Estava demarcada a
sua trilha: Cursilhos de Cristandade, Emaús, Casais com Cristo, reunindo
leigos.
No ano passado, quando ele
comemorava seus 50 anos sacerdotais, por culpa de Puggina, ocupei a tribuna
para destacar que, naquele domingo, 08 de dezembro, eu vi 400 pessoas, se não
mais, lá na Pompéia, para homenageá-lo sob intenso calor. Os seus parentes
vieram da Itália. Florindo permanecia calado, contemplando políticos,
militares, homens de Governo presentes à homenagem. E notem: era um domingo de
jogo do Grêmio, não desse Grêmio de derrotas, que hoje, amarguradamente,
assistimos. Era um outro Grêmio, de vitórias que pareciam não ter mais fim.
Todos permaneciam firmes, sem abandonar o salão da Pompéia, para ver e seguir o
velho soldado de Cristo, impassível. Padre Florindo tem uma fisionomia e um
porte de soldado impassível recebendo a homenagem de amigos, que não havia
pedido. Em seu peito os amigos colocaram a passadeira de platina dos 50 anos de
bons serviços, como se faz no Exército, dedicados a Cristo. Mobilizado,
engajado, após um chamado que só Florindo pode responder, no caso, quanto a sua
vocação sacerdotal, se foi um chamado à voz ou um chamado em silêncio.
Eu, João Dib, João Carlos
Nedel desejamos ao Padre Florindo muitas felicidades e que conte com seus
amigos como está contando hoje. Que maravilha poder ter tantos amigos que
deixaram várias tarefas e vieram aqui dizer: “Florindo, nós gostamos de você”.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar, ainda, como extensão da Mesa, o casal João Carlos
Petersen, Coordenador Geral do Movimento de Cursilhos de Cristandade da
Arquidiocese de Porto Alegre; o Dr. Flávio, Presidente do Sindicato dos Médicos
e representante dos Médicos Católicos do Rio Grande do Sul.
Teremos agora a apresentação
do Cantor Mauro Harff, do Grupo Caverá, que apresentará Coríntios 13.1, Canto e
Lamento de um Velho Semeador e Canção do Gaúcho.
(É feita a apresentação.)
Convido o representante do
Prefeito Municipal, Frei José Felisberto, para entregar o título, e o Ver. João
Nedel e esposa, para, junto conosco, fazer a entrega desta placa.
(É feita a entrega do
título.)
O Padre Florindo Ciman está
com a palavra.
O SR. FLORINDO CIMAN: Meus caros amigos, a começar pelos componentes da
Mesa, quero dizer que estão todos no meu coração.
Sempre tive medo desta hora,
porque a gente recebe a homenagem com muito prazer e com muita comoção, sabendo
que não merece. Depois, temos dúvida sobre o que falar. Acontece que falaram
tanto, que agora eu não precisaria falar mais.
Dizem na minha terra que
dinheiro e santidade é metade da metade, mas no meu caso não é 25%, não é nem
5%. Em todo o caso, a bondade de vocês supre o resto e agradeço de coração a
todos que estão aqui, porque não posso nomear todos. Agradeço à Mesa e a todos
aqueles que tiveram a paciência de ficar aqui durante quase duas horas. Não
posso deixar de recordar todos aqueles que estão aqui. Não posso deixar de
recordar os superiores, especialmente a saudosa memória de Dom Vicente Scherer,
Dom Cláudio, que sempre me apoiaram e me demonstraram a sua amizade, Dom
Altamiro, Dom Antônio e Dom Tadeu, com quem trabalho há muitos anos, e os
outros padres que estão aqui, o meu Superior Provincial, que sempre, na sua
bondade, quis me acompanhar e apoiar. Quero agradecer a todos.
Vou quebrar o cerimonial,
porque, além de recordar o meu irmão Padre Luciano, que veio de longe com muito
sacrifício, para representar a família real, quero fazer a minha homenagem ao
meu irmão adotivo, Emílio Zanon, que veio de Guaporé. Fomos declarados irmãos
em 48 e, desde aquela época, sempre ficamos juntos. Todos vocês são meus irmãos
adotivos.
Vim para cá voluntariamente,
porque não conhecia o Brasil. Depois conheci o Brasil e Nosso Senhor me
reservou uma coisa extraordinária: a minha realização pessoal como continuador
da obra Dele. Não podia imaginar isso. Quero apenas agradecer a Deus por essa
vontade maravilhosa que Ele manifestou e de que nós, às vezes, duvidamos.
Deus é maravilhoso. Fui
convidado a ficar em Roma duas vezes, em 69 e 72. Entendi que era melhor ficar
em Porto Alegre, e isso foi aceito. Outra ocasião, chamaram-me também para
Buenos Aires. Eu disse: “Paciência, eu sou um soldado!”. Mas me deixaram aqui,
de novo, porque incomodava menos aqui do que em Buenos Aires.
O meu amigo passou uns dois
ou três dias na casa de meu cunhado, que também me hospedava no fim de maio e
em junho, e quando voltou dizia à sua esposa: “Eu não sei por que Pe. Florindo
quer voltar para o Brasil”. Eu quis voltar e quis ficar porque gosto mais das
pessoas do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul. Só por isso eu voltei. E
voltarei sempre que Deus me permitir. (Palmas.)
Vim aqui para transmitir,
para reconhecer mais do que transmitir, para conhecer, para buscar, para
participar dos valores, das tradições antigas, modernas e atuais, das alegrias,
da acolhida, da amizade, da fidalguia, da calma, de tudo o que se pode
dispensar do povo gaúcho.
Eu vim aqui para uma missão
muito grande. Vim para continuar a missão e o carisma da minha congregação
Scarabiniana, que foi fundada pelo Monsenhor Scarabini no século passado, e
agora, no dia 99 de novembro, o Monsenhor Scarabini será declarado
bem-aventurado em Roma, numa grande festa. Eu continuei, por vontade de Deus, a
sua missão. A missão de acompanhar aqueles que devem abandonar a pátria, que
são desenraizados da sua terra, com o perigo de perderem os valores, os maiores
valores que podem acompanhar um homem, os valores que são a manifestação, a
sublimação dos valores humanos. Porque Deus nos fez à sua imagem e semelhança,
quanto mais nós formos imagem dele, mais nos realizaremos como pessoas humanas.
Só nesta direção poderemos nos realizar como pessoas.
Cristo veio para a Terra
justamente para conservar tudo isso, para que as pessoas pudessem se realizar,
pudessem ter vida, e pudessem tê-la em abundância.
Vim aqui para continuar a
estabelecer esses valores. Valores de amor a Deus, como bem supremo, valores da
família que, hoje em dia, é muito atacada. E, ao mesmo tempo, de acordo com as
últimas entrevistas e pesquisas, os jovens, especialmente, estão voltando a dar
um valor imenso à família, como valor fundamental da humanidade.
Por isso, sinto-me muito
bem, fazendo tudo de modo a que o pessoal possa manter esses valores humanos
porque divinos e divinos porque humanos, valores que se manifestam, especialmente,
na amizade e na solidariedade.
Em 1962, passei quase um mês
em Zolutur, perto da Basiléia, ajudando meus co-irmãos, com padres suíços de
origem alemã. E, ao voltar para o Brasil, disseram-me os padres: “Como é que
você fez tantas amizades como nós não conseguimos em 20 anos?” Respondi-lhes:
“É muito simples: ninguém resiste a um ato de amor. Ninguém resiste a uma
manifestação de amor. Façam como eu faço. Aprendi no Brasil e no Rio Grande,
dando aos outros os meus sentimentos, procurando que todos vivam da mesma
solidariedade”; solidariedade na qual eu encontro no outro, não apenas um
amigo, não apenas um vizinho, mas o meu próximo, que é a imagem do meu Deus.
Próximo não é aquele que mora perto de minha casa. É aquele do qual eu me
aproximo. Quando me aproximo da pessoa, eu sou o próximo daquela pessoa.
Então, quanto mais nós nos
aproximarmos dos outros, vendo neles a imagem de Cristo, a imagem de Deus, mais
nós seremos solidários com eles e, mais ainda, encontraremos o fundamento da
solidariedade, que é o fato de que o outro é meu irmão, porque temos um Pai
comum. Se não tivermos um Pai comum, nunca poderemos ter uma irmandade, uma
solidariedade verdadeira, como aquela que está se manifestando agora, de todo o
povo gaúcho, para com as pessoas que estão flageladas na fronteira.
Os Senhores devem ter ouvido
falar do Fernando Brudel, um grande historiador moderno, que viveu também no
Brasil. Vou terminar com as palavras dele: “O Brasil é um país estranho. O
governo, às vezes, não é aquilo que nós desejamos; as instituições são o que se
sabe. Mas a amizade é uma coisa muito sólida, uma coisa muito séria”. É por
isso que eu gosto do Brasil. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: (Lê os nomes dos remetentes de telegramas enviados ao Padre Florindo
Ciman.)
Foi feita uma sugestão, e a
Mesa a aceitou, com a votação simbólica dos Vereadores presentes: passaremos a
palavra ao Padre Luciano Ciman, que fala em nome da família Ciman. (Palmas.)
O SR. LUCIANO CIMAN: Há mais de 71 anos eu sou irmão dele, e eu queria
agradecer a toda a comunidade gaúcha, a toda a comunidade de Porto Alegre esta
homenagem maravilhosa que fizeram para o meu irmão.
Eu sei que os meus
familiares gostariam de estar aqui presentes. Eu não esperava uma participação
tão grande. Sinto que valeu a pena vir de Belém do Pará e chegar aqui para
poder observar como o amor ainda é a maior força. Ficar aqui uma hora ou mais
para uma homenagem significa ter muito amor.
Quero agradecer a todos em
nome da família. A família Ciman é grande e unida, e eu gostaria que todos os
familiares soubessem - vamo-nos comunicar com eles hoje - que esta homenagem
que vocês prestaram superou nossa imaginação. Muito obrigado. (Palmas)
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: (Foi lida correspondência chegada à Mesa.) Nós queremos agradecer a
nossa equipe que está na retaguarda de todas as nossas realizações, que são os
companheiros de imprensa, fotógrafos, assessores da Casa, relações públicas, os
taquígrafos, pessoal da segurança, serviços gerais e todos os demais
funcionários da Casa.
Tem-se muito a dizer do
Padre Florindo, este homem que escolheu Porto Alegre em detrimento de Buenos
Aires e Roma. Quem não quer trabalhar em Roma? Ele preferiu Porto Alegre.
Gostaria de fazer uma referência muito especial para mim e para meus
companheiros de bancada: o PT foi fundado no salão da Igreja Pompéia, aqui no
Rio Grande do Sul. A Igreja Pompéia é para nós um marco histórico muito forte.
Eu acho que continuamos a usar a Igreja Pompéia para muitas atividades e sempre
está aberta para todos os setores da sociedade.
Quando eu era formando de
Arquitetura, um engenheiro que se formou um ano antes trabalhou na Igreja
Pompéia - era perto de onde eu morava -, fazendo uma restauração que a tornou
muito familiar. Em 1979, fizemos uma reunião memorável, inesquecível naquele
lugar.
Há vários ilustres irmãos e
religiosos que fazem parte da Sessão neste momento, quando introduzimos o
crucifixo, que é uma manifestação de amor.
Ouviremos, neste momento, a
execução do Hino Rio-Grandense.
(O Hino Rio-Grandense é
executado.)
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ontem o Padre Florindo completou 75 anos. Peço mais
uma salva de palmas a ele. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 18 horas.)
* * * * *